quinta-feira, 27 de junho de 2013

Os níveis de pobreza diminuíram na Nicarágua?

Na última semana a Fundação Internacional para o Desafio Econômico Global revelou que a Nicarágua tem reduzido consideravelmente os índices de pobreza extrema. Segundo dados da pesquisa, em comparação com o ano 2011 o índice tem reduzido de 44.1% a 42.7%. Mas, é realmente um estudo acertado tomando em conta situações que se vivem nos lares dos nicaraguenses?

A pobreza é um tema que tem perdido espaços e níveis de importância por outros que nos últimos tempos têm sido mais “relevantes”, como é o caso das mudanças climáticas e os temas de gênero, porém, não é possível falar da pobreza como um tema isolado ligado especificamente aos recursos econômicos ou à educação. Tanto as mudanças climáticas quanto os temas de gênero tem a ver como a pobreza e até poderia se dizer que estão intimamente ligados.

Não é preciso ser um experto no tema para dar se conta que a pesquisa não revela dados acertados, com problemas como os casos de gravidez na adolescência que aumentam dia-a-dia, as grandes taças de desemprego, o limitado acesso aos serviços básicos (energia elétrica, água potável), educação e saúde, a grande quantidade de população que vive em condições de risco e os preços da cesta básica que são maiores em comparação aos salários, na Nicarágua as políticas e programas têm sido pouco acertados para combater efetivamente a pobreza.

Por tanto, é desse jeito que tanto os problemas ambientais que se enfrentam quanto os temas de violência de gênero estão ligados aos baixos níveis de pobreza em que vive a população. O aumento considerável da população faz que as famílias procurem novos lugares para morar, ocupando zonas de reservas naturais o de alto risco, perto de valas naturais, áreas inundáveis ou de falhas tectônicas em moradias muito precárias, sem acesso aos serviços de água e energia, expondo as suas vidas na procura de um espaço próprio e por falta das políticas de planejamento adequadas. Com certeza, as novas famílias em sua maioria jovens, vêm de lares disfuncionais e com problemas de álcool e violência o que se manifesta numa replica do seu antigo ambiente familiar ou pior ainda. 

No país as políticas e programas existem, mas lamentavelmente setorizadas. Por exemplo, programas como “Fome Cero” ou “Casas para o Povo” são uma replica do Programa “Brasil sem Miséria”, a diferença é que o programa brasileiro é integral e muito mais solido do que os programas na Nicarágua já que as necessidades estão planejadas de acordo a cada região e exige às famílias beneficiadas que os pais trabalhem e os filhos vão à escola. No caso da Nicarágua o beneficio é dado sem nenhum tipo de exigência o que sem dúvida é contraproducente.

Erradicar a pobreza deve ser uma luta continua, além do fato de que é um tema integral  e não isolado como se tem visto, tanto a educação, a saúde, capacitação, ofertas de emprego quanto o meio ambiente, serviços básicos e políticas de planificação urbana fazem parte importante na hora de tentar encontrar soluções ao problema, aliás, dirigir os programas aos setores realmente empobrecidos e não promover políticas que longe de ajudar entorpecem o processo.

Karla J.

Um comentário:

  1. Gostei seu artigo, em especial a comparação do programa da Nicarágua com o do Brasil, porque tem muita razão ao dizer que o problema daqui é que a ajuda que se oferece apenas é parcial e momentâneo, como as "Casas para o povo" que lhe dão as condições para viver melhor mais não ensinam como pessoas a ter uma melhor vida como seria oferecendo-lhes um trabalho para poder manter as boas condições para seus filhos e família em geral a longo prazo. As pessoas beneficiadas não refletem sobre isso e são surpreendidos porque recibem o que para eles é tão necessário, no entanto não é o suficiente para combater a pobreza.

    Olga R.

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