Na última
semana a Fundação Internacional para o Desafio Econômico Global revelou que a
Nicarágua tem reduzido consideravelmente os índices de pobreza extrema. Segundo
dados da pesquisa, em comparação com o ano 2011 o índice tem reduzido de 44.1%
a 42.7%. Mas, é realmente um estudo acertado tomando em conta situações que se
vivem nos lares dos nicaraguenses?
A pobreza é
um tema que tem perdido espaços e níveis de importância por outros que nos
últimos tempos têm sido mais “relevantes”, como é o caso das mudanças
climáticas e os temas de gênero, porém, não é possível falar da pobreza como um
tema isolado ligado especificamente aos recursos econômicos ou à
educação. Tanto as mudanças climáticas quanto os temas de gênero tem
a ver como a pobreza e até poderia se dizer que estão intimamente ligados.
Não é preciso
ser um experto no tema para dar se conta que a pesquisa não revela dados
acertados, com problemas como os casos de gravidez na adolescência que aumentam dia-a-dia, as grandes
taças de desemprego, o limitado acesso aos serviços básicos (energia elétrica,
água potável), educação e saúde, a grande quantidade de população que vive em
condições de risco e os preços da cesta básica que são maiores em comparação
aos salários, na Nicarágua as políticas e programas têm sido pouco acertados
para combater efetivamente a pobreza.
Por tanto, é
desse jeito que tanto os problemas ambientais que se enfrentam quanto os temas
de violência de gênero estão ligados aos baixos níveis de pobreza em que vive a
população. O aumento considerável da população faz que as famílias procurem
novos lugares para morar, ocupando zonas de reservas naturais o de alto risco,
perto de valas naturais, áreas inundáveis ou de falhas tectônicas em moradias muito precárias, sem acesso aos serviços de água e energia, expondo as suas
vidas na procura de um espaço próprio e por falta das políticas de planejamento adequadas. Com certeza, as novas famílias em sua maioria jovens,
vêm de lares disfuncionais e com problemas de álcool e violência o que se
manifesta numa replica do seu antigo ambiente familiar ou pior ainda.
No país as
políticas e programas existem, mas lamentavelmente setorizadas. Por exemplo,
programas como “Fome Cero” ou “Casas para o Povo” são uma replica do Programa
“Brasil sem Miséria”, a diferença é que o programa brasileiro é integral e
muito mais solido do que os programas na Nicarágua já que as necessidades estão
planejadas de acordo a cada região e exige às famílias beneficiadas que os pais
trabalhem e os filhos vão à escola. No caso da Nicarágua o beneficio é dado sem
nenhum tipo de exigência o que sem dúvida é contraproducente.
Erradicar a
pobreza deve ser uma luta continua, além do fato de que é um tema integral e não isolado como se tem visto, tanto a
educação, a saúde, capacitação, ofertas de emprego quanto o meio ambiente,
serviços básicos e políticas de planificação urbana fazem parte importante na
hora de tentar encontrar soluções ao problema, aliás, dirigir os programas aos
setores realmente empobrecidos e não promover políticas que longe de ajudar entorpecem o processo.
Karla J.
Karla J.
Gostei seu artigo, em especial a comparação do programa da Nicarágua com o do Brasil, porque tem muita razão ao dizer que o problema daqui é que a ajuda que se oferece apenas é parcial e momentâneo, como as "Casas para o povo" que lhe dão as condições para viver melhor mais não ensinam como pessoas a ter uma melhor vida como seria oferecendo-lhes um trabalho para poder manter as boas condições para seus filhos e família em geral a longo prazo. As pessoas beneficiadas não refletem sobre isso e são surpreendidos porque recibem o que para eles é tão necessário, no entanto não é o suficiente para combater a pobreza.
ResponderExcluirOlga R.